sábado, 20 de dezembro de 2008

A noite do "ia".

Fernanda Ferreira
não sabia
se ria
ou
se corria

e Anderson, professor nato
a corrigia.


( Por : C.O. )

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Olimpíadas de Pequim

Olimpíadas de Pequim,
elas se foram
sem mim.

( Por: C.O. )

domingo, 27 de julho de 2008

Prefiro "é"

Levantar e não ter que agradecer
A não ser a mim mesmo
Batalhei por este teto e cama
Amém?

Deitar e não ter que agradecer
A não ser a mim mesmo
Batalhei por esse sono
Amém?

Coitado daquele que ainda
Tem como bíblia a bíblia
É

Coitado daquele que ainda
Tem como amor a virgem
É.

(Por: C.O. )

sábado, 12 de julho de 2008

Passe adiante


( Por: C.O. )

segunda-feira, 26 de maio de 2008

O estrago que causa uma vírgula

- Amor desculpa.
- Você nunca me chamou assim.
- Vocativo. Desculpa.
- O quê?
- Amor, desculpa.

(por: A. C.)

(Qual é o título?)

Se deus fosse sábio
ele faria a vida eterna
como uma fita rebobinada
da nossa vida,
vivida sempre de novo
por toda a eternidade.
Assim a gente viveria bem
Faria tudo o que desse vontade
Pra não ficar eternamente
se arrependendo
dessa vida pela metade
essa dor que não arde
e que nem sara
Essa existência sem graça
Chegava bem mais tarde da rua
Dormiria mais debaixo da lua
Se daria mais amor mais sexo
E buscaria muito menos nexo

(por: A. C.)

sábado, 24 de maio de 2008

Calibre 38

Quatro letras estarão no fim desta carta, não vá lá ler agora porque senão perde a graça, é sério.

Nesse momento eu estou portando um revólver calibre 38 e estou andando na SUA rua, em direção ao SEU prédio e ao SEU apartamento. Eu diria pra você não se assustar, mas seria mentira, é pra você se assustar sim.

Caralho, eu tô me sentindo o Stephen King agora... Escutou o som da campainha? Abra.



Não abriu? Está esperando o que? Que eu arrombe tua porta? Vá lá e abra.

Você abre, continua linda como sempre, a única diferença é que você continua linda como sempre, mas com dois filhos de um homem que não sou eu.

Veja como meu revólver brilha.

Clic.

(Por: C.O.)

sábado, 17 de maio de 2008

A dona-de-casa Fantasma


Após a polêmica discussão sobre o fato do Motoqueiro Fantasma ser machista... Eis que cai na net uma foto de sua ex-esposa.

( Por: C.O. )

sábado, 10 de maio de 2008

Não se espante, peço novamente

Mãe, escrevo essa carta às pressas porque a tinta de minha máquina está a se escassear e não pretendo recarregá-la. Até porque não viverei mais aqui.

Não se espante, vou te contar o que aconteceu comigo, mas te contarei pessoalmente.

Não se espante, peço novamente, sinto falta de cheiro de bosta de porco, de berro de galinha pela manhã e ainda por cima sinto falta do cheiro do teu almoço, mãe.

Sabe o que deixo aqui pra trás? Nada, minha mulher não é mais minha mulher, e junto a ela estão meus filhos que não são mais meus filhos. Sei que parece trágico, mas não é.

Mãe, tenho quarenta e sinto como se tivesse vinte. Minha vida vai começar agora, e quero que comece junta à senhora e o pai.

Não se espante, peço novamente, vá preparando aquela feijoada que a senhora sabe que eu gosto, e mostre pra vizinhança que eu estou voltando, tire suas roupas do varal como quem fosse viajar, não permita nem que Deus nos atrapalhe no nosso reencontro.

Diga pro pai que essa é só uma carta do banco, me deixe surpreender esse velho.

Diga pro compadre Tonho que eu ainda sei jogar futebol, ainda sei dar lençol.

Diga pro seu bezerro mais gordo aproveitar os últimos dias de vida, porque eu vou matá-lo e saborear a carne dele mergulhada em teu feijão.

Não se espante, peço novamente, não quero que te sintas desdenhada pelos anos que passei fora. Foram anos de aprendizado, e o que eu aprendi foi tudo aquilo que eu aprendi antes de desaprender.


(Por: C.O. )

quinta-feira, 1 de maio de 2008

"Afogado Em Vida"

(Por: C.O. )

Seu Zé

Seu Zé acordou cedo e foi direto pra sala, ligou a televisão e assistiu a seleção brasileira ganhar a Copa do Mundo de 2002.
Seu Zé acordou assustado com o barulho que vinha da sala, foi ver o que diabos seu filho assistia e viu as torres gêmeas tombando.
Seu Zé acabou de almoçar e assistiu a mais um filme de cachorro que fala.
Seu Zé chegou cansado do trabalho, tomou um banho e pra relaxar, viu a Rita Cadillac chupar o pau de um garotão musculoso.

Seu Zé! Isso que é democracia!

(Por: C.O.)

BONS COSTUMES


(Por: C.O.)

Pedaço de carne

Domingo, a família toda está reunida à mesa porque eu vou morrer. Meu coração está tão saudável quanto um saco de lixo orgânico. Só de sacanagem eu pedi pra que minha mulher fizesse peru, a parte mais gordurosa eu pego pra mim.

- Seu Aroldo, quanto tempo que o senhor não vê sua família assim, reunida?

Quem perguntou foi minha nora, que eu não vejo a muito tempo, mais ou menos uns dois dias. A peste, mulher de meu filho mais novo, vive aqui dentro de casa, ela e seu filho recém nascido, que só não chora mais alto porque sua boca é pequena.

- Faz muito tempo, Amélia, muito tempo...

Amélia... É muita ironia num nome só.
Meu filho mais velho chega de carro, ele e suas malditas tecnologias, um computador portátil, uma babá eletrônica pra sua filha e um monte de videogames pro filho mais velho, que é gordo como uma porca.

- Pai! Eu soube que estava doente e vim o mais rápido que pude!
- Que bom meu filho, que bom...

Ele me abraça com seu terno que ainda tem cheiro de shopping, o verme não veio o mais rápido que pôde, veio depois de dar uma passada no centro comercial pra satisfazer as futilidades da puta com que se casou.

É noite, todos já foram embora, eu e minha mulher estamos deitados na cama, como fazemos todas as noites a cinqüenta anos, não fazemos nada de interessante. Conversamos sobre coisas fúteis: novela, futebol, política e sobre a vida fútil de nossos filhos e filhas.
Mas como a situação hoje é diferente, conversamos sobre minha morte.

- Aroldo, eu vi os pedaços de carne que você comeu hoje no almoço.
- E o que tem?
- Tinham gordura demais, meu amor.
- Eu sei.
- E ainda tens a cara-de-pau de afirmar?
- Sim.
- Quer morrer?
- Isso faz diferença? Eu vou morrer de qualquer jeito mulher, minhas veias mais parecem canos de processadores de lixo dos açougues mais sujos da cidade.
- E quanto a mim? E quanto a nossa família?
- Eu nunca amei vocês, e vocês sabem muito bem disso.

Eu me viro, fecho os olhos e durmo, durante o sono, tenho um ataque do coração e morro. Sempre gostei de finais surpreendentes.

(Por: C.O.)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

domingo, 27 de abril de 2008

"Pseudo"


Sabe aqueles pseudo - intelectuais - que - curtem - Los - Hermanos - donos - da - verdade - que - se - sentem - o - máximo - em - suas - camisas - listradas ?


Pois é.


(Por: C.O.)

"Ao pé da letra"


(Por: C.O)

A valsa do vagão

Entrou, nada disse, tirou a presilha da sua sanfona e começou a tocar a sua valsa de beleza e melancolia. Quantas almas distraídas naquele vagão como a minha foram tomadas de espanto, e ouvindo a música ficaram em silêncio, um pouco mais felizes, um pouco mais modestas, perto da doce melodia que tomava o lugar.
Cada alma naquele vagão valsava ao som da sanfona. E um homem que sentia dor ficou com um ar tranqüilo, às vezes a dor dos outros é um analgésico pra nossa própria dor. Uma mulher que sentia saudades de um velho amor fechou os olhos e viu o seu querido num sonho acordado convidando-a pra valsar, tirando a sua tristeza, enchendo o lugar daquele doce aroma exalado pelos seres apaixonados, uma criancinha que chorava abriu um sorriso, e bateu palminha pra canção mais bela que seus ouvidinhos virgens já tinham ouvido, uma senhora sentiu-se moça e na sua idéia, que pra muitos seria louca, voltou ao salão de baile dos seus melhores anos e esqueceu-se das marcas no seu rosto e viu seu homem que havia partido há tanto, com um terno de gentilezas, curvando a sua cabeça para ela entrar nas suas doces memórias e bailar.
Vi de perto sua singela sanfona com uma tecla partida no início, seu pequeno instrumento de criar esperanças, amenizar dores, embalar amores. Ah! Meu anônimo ídolo! Você é como todos os artistas, cego, e não pode ver o bem que sua arte faz às almas em volta. Acabou de tocar sua canção e não esperava palmas, flores ou nenhuma grande manifestação de glória.
Recolocou a presilha na sua sanfona, todos nós voltamos a ouvir a desconexa percussão da estrada de ferro, e o maior de todos os artistas que já vi em minha vida, segurou sua bengala virou a palma de sua mão abençoada para o céu e seguiu para o próximo vagão, abençoando mais uma vez a todos que quando passavam tentavam recompensar o bem que lhes fizera e mais uma vez era nobre - nada pedia - e mais uma vez dava a sua benção e seguia sua valsa no escuro.
Muito obrigado, e se puder toca mais uma música pra gente sonhar.
(por: A. C.)

TRINTA ANOS

Aquele rapaz já está a duas horas mastigando aquele chiclete. Não tem mais açúcar, não tem mais gosto de menta. Só é mais um pedaço de indústria dançando e remoendo-se por entre os dentes amarelos dele.
Ele está me encarando, se eu não fosse tão conservadora, eu juro que ia ali e o agarrava, mas como eu sou, eu agarro é a minha bolsa e estalo os dedos como se não tivesse sessenta anos. Sou velha demais pra vir ao hospital sozinha, devia ter trazido meu neto comigo. Merda, o que estou dizendo, meu neto está na casa da namorada dele, essa hora eles devem estar trepando no sofá dos pais dela, ao mesmo tempo que estão atentos ao suor um do outro, estão atentos à maçaneta da porta da sala. Eu sei porque eu já tive dezessete e sei do prazer angustiante de trepar escondida.
Hoje eu tenho sessenta e estou sentada numa sala de espera de um hospital, a minha frente tem um rapaz que mastiga o mesmo chiclete a horas e também me encara a horas. Acho que eu estaria mais tranqüila se ele não fosse tão bonito. Ele se levantou, meu coração dispara e eu me sinto a quarenta e cinco anos atrás no baile de formatura do colegial, quando o menino que eu amava anonimamente se levantou e pegou na mão de minha melhor amiga... Por que diabos eu não o agarrei antes?Agora é tarde pra meditar sobre isso, o guri que mastiga o chiclete está mais próximo, agora eu tenho certeza que é a mim que ele quer falar. Eu já não disfarço mais meu desespero e o encaro nos olhos, como se soubesse o que vem a seguir, sem sombras de dúvida é um marginal que vai me levar os cartões de crédito.

- O nome da senhora é Odete?

Meu coração pára por um segundo e minhas pernas tremem como se fossem as paredes de um motel barato.

- Sim...

Eu gaguejo. Ele começa a chorar.

- Meu pai, dona Odete, se chamava Arthur.
- Desculpe meu jovem, mas eu não conheci nenhum Arthur, e por quê está chorando?
- A senhora me diz que não conheceu nenhum Arthur? Pois saiba que esse homem que a senhora nunca conheceu, procurou pela senhora por trinta anos da vida dele, porque te devia uma dança.

As paredes do motel barato já haviam desabado. Arthur, a vinte e cinco anos atrás se levantou e pegou nas mãos de minha melhor amiga.

- Sim meu jovem, eu me lembro de Arthur, onde ele está?
- Morto.

Os bombeiros já haviam chegado pra resgatar os sobreviventes no meio dos escombros do motel barato.

Ah, se eu o tivesse agarrado naquela noite, ele também me queria.
Eu me levanto, agora eu já sei o porquê daquele jovem ser tão bonito. Caminho para o lado de fora do hospital, pego o celular e ligo pro meu neto. Ele atende com a voz ofegante.
- O que foi vó?! Eu tô ocupado! - Eu sei, só quero dar-te um conselho: trepe, beije, chupe e ame bastante essa menina no sofá dos pais dela, porque essa putinha hoje, pode te tirar trinta anos de vida.

(por: C. O.)

"As frases bonitas são repetidas"

"As frases bonitas são repetidas"
Caço palavras fugitivas
Escondidas em algum lugar
Entre a boca e o coração
Caço palavras bonitas
Mentiras inocentes
sinceras ou não

Caço a palavra que diga
Palavra de olhos de pele de mãos
Caço a palavra esquisita
singular ou plural decisiva ou não

Caço as palavras de uma frase
bonita
Por que todas as frases bonitas
sempre são repetidas
Todas as frases bonitas são repetidas

(por: A. C.)

Subverso Universo Subverso

decálogo da subversão:


1- Deus
2- Amor
3- Ódio
4- Inteligência
5- Música
6- Gente
7- Esperança
8- Poesia
9- Prosa
10- Audácia

(por: C. O.)