segunda-feira, 28 de abril de 2008

domingo, 27 de abril de 2008

"Pseudo"


Sabe aqueles pseudo - intelectuais - que - curtem - Los - Hermanos - donos - da - verdade - que - se - sentem - o - máximo - em - suas - camisas - listradas ?


Pois é.


(Por: C.O.)

"Ao pé da letra"


(Por: C.O)

A valsa do vagão

Entrou, nada disse, tirou a presilha da sua sanfona e começou a tocar a sua valsa de beleza e melancolia. Quantas almas distraídas naquele vagão como a minha foram tomadas de espanto, e ouvindo a música ficaram em silêncio, um pouco mais felizes, um pouco mais modestas, perto da doce melodia que tomava o lugar.
Cada alma naquele vagão valsava ao som da sanfona. E um homem que sentia dor ficou com um ar tranqüilo, às vezes a dor dos outros é um analgésico pra nossa própria dor. Uma mulher que sentia saudades de um velho amor fechou os olhos e viu o seu querido num sonho acordado convidando-a pra valsar, tirando a sua tristeza, enchendo o lugar daquele doce aroma exalado pelos seres apaixonados, uma criancinha que chorava abriu um sorriso, e bateu palminha pra canção mais bela que seus ouvidinhos virgens já tinham ouvido, uma senhora sentiu-se moça e na sua idéia, que pra muitos seria louca, voltou ao salão de baile dos seus melhores anos e esqueceu-se das marcas no seu rosto e viu seu homem que havia partido há tanto, com um terno de gentilezas, curvando a sua cabeça para ela entrar nas suas doces memórias e bailar.
Vi de perto sua singela sanfona com uma tecla partida no início, seu pequeno instrumento de criar esperanças, amenizar dores, embalar amores. Ah! Meu anônimo ídolo! Você é como todos os artistas, cego, e não pode ver o bem que sua arte faz às almas em volta. Acabou de tocar sua canção e não esperava palmas, flores ou nenhuma grande manifestação de glória.
Recolocou a presilha na sua sanfona, todos nós voltamos a ouvir a desconexa percussão da estrada de ferro, e o maior de todos os artistas que já vi em minha vida, segurou sua bengala virou a palma de sua mão abençoada para o céu e seguiu para o próximo vagão, abençoando mais uma vez a todos que quando passavam tentavam recompensar o bem que lhes fizera e mais uma vez era nobre - nada pedia - e mais uma vez dava a sua benção e seguia sua valsa no escuro.
Muito obrigado, e se puder toca mais uma música pra gente sonhar.
(por: A. C.)

TRINTA ANOS

Aquele rapaz já está a duas horas mastigando aquele chiclete. Não tem mais açúcar, não tem mais gosto de menta. Só é mais um pedaço de indústria dançando e remoendo-se por entre os dentes amarelos dele.
Ele está me encarando, se eu não fosse tão conservadora, eu juro que ia ali e o agarrava, mas como eu sou, eu agarro é a minha bolsa e estalo os dedos como se não tivesse sessenta anos. Sou velha demais pra vir ao hospital sozinha, devia ter trazido meu neto comigo. Merda, o que estou dizendo, meu neto está na casa da namorada dele, essa hora eles devem estar trepando no sofá dos pais dela, ao mesmo tempo que estão atentos ao suor um do outro, estão atentos à maçaneta da porta da sala. Eu sei porque eu já tive dezessete e sei do prazer angustiante de trepar escondida.
Hoje eu tenho sessenta e estou sentada numa sala de espera de um hospital, a minha frente tem um rapaz que mastiga o mesmo chiclete a horas e também me encara a horas. Acho que eu estaria mais tranqüila se ele não fosse tão bonito. Ele se levantou, meu coração dispara e eu me sinto a quarenta e cinco anos atrás no baile de formatura do colegial, quando o menino que eu amava anonimamente se levantou e pegou na mão de minha melhor amiga... Por que diabos eu não o agarrei antes?Agora é tarde pra meditar sobre isso, o guri que mastiga o chiclete está mais próximo, agora eu tenho certeza que é a mim que ele quer falar. Eu já não disfarço mais meu desespero e o encaro nos olhos, como se soubesse o que vem a seguir, sem sombras de dúvida é um marginal que vai me levar os cartões de crédito.

- O nome da senhora é Odete?

Meu coração pára por um segundo e minhas pernas tremem como se fossem as paredes de um motel barato.

- Sim...

Eu gaguejo. Ele começa a chorar.

- Meu pai, dona Odete, se chamava Arthur.
- Desculpe meu jovem, mas eu não conheci nenhum Arthur, e por quê está chorando?
- A senhora me diz que não conheceu nenhum Arthur? Pois saiba que esse homem que a senhora nunca conheceu, procurou pela senhora por trinta anos da vida dele, porque te devia uma dança.

As paredes do motel barato já haviam desabado. Arthur, a vinte e cinco anos atrás se levantou e pegou nas mãos de minha melhor amiga.

- Sim meu jovem, eu me lembro de Arthur, onde ele está?
- Morto.

Os bombeiros já haviam chegado pra resgatar os sobreviventes no meio dos escombros do motel barato.

Ah, se eu o tivesse agarrado naquela noite, ele também me queria.
Eu me levanto, agora eu já sei o porquê daquele jovem ser tão bonito. Caminho para o lado de fora do hospital, pego o celular e ligo pro meu neto. Ele atende com a voz ofegante.
- O que foi vó?! Eu tô ocupado! - Eu sei, só quero dar-te um conselho: trepe, beije, chupe e ame bastante essa menina no sofá dos pais dela, porque essa putinha hoje, pode te tirar trinta anos de vida.

(por: C. O.)

"As frases bonitas são repetidas"

"As frases bonitas são repetidas"
Caço palavras fugitivas
Escondidas em algum lugar
Entre a boca e o coração
Caço palavras bonitas
Mentiras inocentes
sinceras ou não

Caço a palavra que diga
Palavra de olhos de pele de mãos
Caço a palavra esquisita
singular ou plural decisiva ou não

Caço as palavras de uma frase
bonita
Por que todas as frases bonitas
sempre são repetidas
Todas as frases bonitas são repetidas

(por: A. C.)

Subverso Universo Subverso

decálogo da subversão:


1- Deus
2- Amor
3- Ódio
4- Inteligência
5- Música
6- Gente
7- Esperança
8- Poesia
9- Prosa
10- Audácia

(por: C. O.)