quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Há urgência em estar vivo

Por mais que vivamos dia após dia nessa busca inacabável de romper com qualquer tipo de corrente que finque nossos membros ao chão de concreto resistente e aparentemente inabalável, aqui estamos nós outra vez, nos mostrando cada vez mais certos de nossas fragilidades, mais humanos.
Precisamos do que precisamos porque precisamos, isso basta para regir nossas vidas, uma pena, eu sei, mas é. Queria ter uma caixinha que desse pra guardar a gargalhada de cada amigo que eu tenho, de cada pessoa que eu amo ou amei. Queria ter um cartão de crédito que eu soubesse usar e realmente me desse crédito, seja lá qual for o significado dessa palavra. Queria que nas festas tocasse pelo menos uma música que me fizesse dançar pra suar e largar de lado o bolo que eu estava atirando aos peixes.
Seríamos tolos se não assumíssemos que estamos no caminho, mas sabe quando você já percorreu uma distância tão longa que não dá mais pra voltar, mas também as pernas não resistem seguir em frente? Aqui estamos nós, aqui estou eu, sentado no chão da estrada esperando a canseira passar.

(Por: C.O.)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

formspring.me

Pq aderir a moda?

Por que não aderir? É divertido responder perguntas anônimas!!!

Ask me anything

domingo, 13 de dezembro de 2009

Café filosófico

O passado é nunca mais
E o futuro é o que se lê no fundo da xícara
Do Café Esperança
Mas agora o copo continua cheio
Mesmo parecendo meio
Vazio
(por A.C.)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Shakesparadrapeirando

Romeu
Roeu
meu pau doeu
(por A.C.)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Fuck Toy

E foi feito correr com faca amolada nas mãos
Brincadeira besta feito roleta-russa
E diriam errado, como atirar pedra na porta do paraíso
E sair correndo pra invadir o inferno pela janela dos fundos.
(por A.C.)


Fuck toy

Amélia, é que era mulher de verdade.

Amélia não quer mais brincar de casinha comigo. Nem de médico. Nem de papai e mamãe. Amélia me deu um “low kick” nos glúteos. Digno de um aprendiz de Bruce Lee.
Amélia, me tratava como mãe, e era flor e era puta, pura melancolia dos trópicos, algo azedo de limão, mas que descia bem com qualquer destilado.
- Amélia, por que você deixou teu dengo, teu galego, teu xodó, Amélia? – Pergunta a irmã encalhada.
E Amélia responde, cheia de certeza empertigada, e uma dor dilacerante na alma – É que o canalha não me traía, não me fazia sofrer! – dizia ela indignada – Era só, meu bem pra lá, neguinha pra cá, e me dá cheiro no cangote e rabada com agrião e azeite, mas nada de dor!
E vá deus querer brincar de contar quantas Amélias existem por cá.
(por A.C)


Amélia, é que era mulher de verdade

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Absurdo.



Outro dia entrei no
Omegle, fiquei conversando com uma chinesa, ela disse que entrava na internet escondida, porque o marido dela não deixava, mas ele tinha o direito de acessar quando quisesse.Ele também não a permitia sair de casa a não ser para fazer compras ou levar os filhos à escola. Dei a ela o conselho que continuasse entrando com mais frequência e que assim que possível, largasse o marido, ela disse que não porque considerava normais as atitudes dele. Depois de muita conversa, ela também disse que há tempos não sentia prazer, aconselhei-a que se masturbasse, já que não podia sair de casa, ela achou um absurdo e desconectou.

( Por: C.O. )


p.s.: arte roubada da internet.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Politicanagem

É d'ir mais cedo

Toda VERdade
Sacristalizada
Há de ser quebradornada

Sarna Rei

Toda VERdade
Saquestatizada
Há de ser quebradorada

( Por: A.C. )

domingo, 5 de julho de 2009

Lá se foi mais uma garrafa de atitude.

Foda-se.
São duas e quatorze da manhã e eu estou sentado na frente do computador escrevendo um texto que eu nem sei ao certo se tem um propósito real ou se só serve como saco de pancadas. Me proponho a escrevê-lo do início ao fim sem apertar nenhuma vez o backspace.
Lá se foi mais uma garrafa de atitude, eu ainda me lembro da época (que vale lembrar que não faz tanto tempo) em que pra fazer um show eu precisava ir andando por uns cinco quarteirões carregando um bumbo de bateria nas costas, enquanto os moleques da minha e das outras bandas carregavam a magnífica aparelhagem que nós tínhamos: o resto da bateria e uma única caixa amplificadora, onde era ligado nela o baixo, a guitarra e o microfone. Carregávamos tudo até o bar o qual o dono havia com antecedência liberado pra fazermos o evento, é claro que quando eles perguntavam o estilo das bandas, nós dizíamos que era "rock", só rock. Ele esperava algo no estilo Titãs ou Paralamas, tenho certeza.
Armávamos tudo com antecedência, era uma verdadeira organização, desenhávamos os flyers à mão, com os nomes das bandas e endereço, levávamos em algum bazar e tirávamos as xerox, depois levávamos pra casa de alguém e começávamos a recortar tudo, pra no outro dia levar pra escola e entregar pros amigos, convidando eles pro tão esperado show.
Quando chegava no dia, tínhamos sempre que marcar um ponto de encontro com o pessoal que havia confirmado presença, porque os locais que arranjávamos pra tocar eram sempre muito isolados do centro do bairro, logo, difícil acesso. Como a entrada era gratuita, costumava lotar de roqueiros, bêbados e curiosos que iam ver a barulheira feita por moleques. Não dava pra ouvir nada direito, a guitarra e o baixo pareciam um instrumento só abafado por uma britadeira, a bateria parecia era abafada pelo resto todo, já que não tínhamos como microfoná-la, e a voz, nem comento. Sempre tinha que acabar o show antes das últimas duas músicas, porque eu começava a cuspir sangue e ficava preocupado com isso.
Tínhamos sempre a previsão de terminar as dez horas da noite, mas sempre acabava as nove porque alguns dos adolescentes beberrões acabavam brigando, ou o dono ou moradores da redondeza chamavam a polícia, incomodados com a poluição sonora que fazíamos.

Sim, eu me orgulho de ter vivido dessa maneira e me entristece saber que um filhinho de papai se aborrece quando não sai bonito na foto que tiraram dele no palco, se aborrece quando a banda dele não foi a vencedora do concurso que lhe prometia uma gravação linda, se aborrece quando ouve um não, me entristece todos esses merdas que não estão acostumados a ouvir os "nãos" e estão acostumados a ter apenas "sim", mas NUNCA se acostumaram a correr atrás.

Façam vocês mesmos, daí sim, o rock não haverá de morrer.

( Por : C.O. )

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pré-pós-00 (anúncio)

E as cabeleiras extáticas de anjos pré-pós-adolescência
Estão em exposição em blogs descolados
Talvez seja o empuxo inicial de um novo movimento
Vanguarda pós-00
Alguns deles são meus heróis e nem suspeitam
Tanto tempo com suas mentes brilhantes
Mergulhadas nas latrinas cheias das suas palavras
Agora eles vão deixando seus restos de rebeldia juvenil
E fazendo algo
Vai com fé que pode ser
O primeiro passo em direção ao muro
De Berlim
De Verdade
Eles tem as suas canções
Seus discos do século passado
Suas guitarras para harmonizar o futuro
Eles estão esperando a hora de se descobrirem heróis
Eles estão no momento antes do pulo
Eu espero que eles subam alto
Eu espero que eles não se contentem em olhar o mundo do alto
Eu espero que eles tenham pedras nos sapatos
E que eles cerrem seus dentes na hora certa pra resistir
E pra sorrir.

( Por: A.C. )

domingo, 26 de abril de 2009

Dor de cabeça.


( Por : C.O. )

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Final de mês

Final de mês
o que tiver que ser
Serasa.


( Por : C.O. )

quinta-feira, 26 de março de 2009

Oi, prazer.

( Por : C.O. )

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Eu, que era feliz e não sabia
resumi todo meu arrependimento
num discurso de ironia.

( Por : C.O. )

sábado, 24 de janeiro de 2009

10 cadeiras

Um círculo de 10 cadeiras.
- Meu nome é Davi.
Todos respondem em coro: "Olááá Davi!".
- Bem, eu sou alcoólatra há mais ou menos dois anos e meio. Mas graças a este grupo de alcoólicos anônimos eu estou sem beber há três semanas.
- Isso é ótimo, Davi!
- Obrigado pessoal, não sei o que seria da minha vida sem vocês, obrigado mesmo!
Davi se senta, todos o aplaudem e a mulher que senta em uma das cadeiras que formam o círculo no salão se levanta.
- Muito bem gente, mais alguém gostaria de dar um testemunho?
Eu me levanto.
- Oi galera, meu nome não é relevante, esse é meu primeiro dia aqui.
O mesmo coro de antes: "Olááá Meu Nome Não É Relevante!".
- Pois bem, vim aqui porque não sou alcoólatra, não tenho problema algum e não quero me curar de nada.Neste momento vocês devem estar achando que estou vivendo uma fase de negação, pois eu nego essa afirmação e digo que não estou vivendo uma fase de negação, por mais contraditório que isso possa parecer.
- Muito bem, sabichão, o que está fazendo aqui então? - Pergunta um dos membros do A.A.
- Eu estou aqui porque acredito numa sociedade livre.
- Como assim?!
- Mentira, só achei que seria uma maneira legal de começar a responder o que você respondeu... Pois bem, eu estou aqui porque estou afim de tomar um trago.
Tiro uma garrafa de Contini da mochila e começo a beber no gargalo. A mediadora da reunião se levanta da cadeira e começa a gritar.
- O que o senhor pensa que está fazendo?! Por favor, se retire ou vou chamar a polícia!
- Por favor senhora, sente o rabo na cadeira ou terei que fazer isso por você.
Ela se senta e se cala. Eu termino minha garrafa.
- Agora, com licença.
Eu saio cambaleando do clube e começo a vomitar na calçada. Vomito tanto que além do meu almoço eu posso ver sangue, almoço de ontem, coisas que se parecem com algodão e muito líquido ácido.
A mediadora se altera mais uma vez.
- Esse homem é um perturbado mental! Vou ligar pra polícia!
Eu corro pra dentro do clube novamente, ainda limpando o vômito da boca e me lanço pra cima da mulher.
- Você não vai tocar no telefone.
Começo a vomitar novamente, agora no meio do salão. Um dos bebuns se enoja com a cena e começa a vomitar também, um pouco do vômito dele respinga no rapaz ao lado dele, que começa a vomitar também. Uma poça enorme de vômito começa a se formar no centro do círculo. Não perco mais tempo tentando me limpar, minhas roupas já estão tomadas e precisarei jogá-las fora quando chegar na minha casa.
Um dos homens do círculo desmaia, o que estava sentado ao lado do desmaiado tenta reanimá-lo com uma pressão sobre o peito, com a pressão o desmaiado vomita, logo, o reanimador começa a vomitar também.
O cheiro pútrido toma todo o salão. Finalmente, eu consigo me ver são novamente, sento no chão e espero todos terminarem.
Alguns minutos depois, todos estão sentados em suas cadeiras e chocados com a cena que acabara de acontecer ali. Eu abro minha mochila e tiro mais nove garrafas de Contini vazias, com o auxílio de uma pá e um funil começo a encher as garrafas com o vômito da poça gigantesca que se formou no chão. Todos me observam sem nenhuma reação.
Quando termino, dou uma garrafa pra cada um.
- Vocês que receberam as garrafas, levem-nas para suas casas e guardem-nas em suas geladeiras.
Me viro para a mediadora do grupo.
- A senhorita pode fechar as portas desse lugar.

( Por: C.O. )

domingo, 4 de janeiro de 2009

Logo no meu telhado.

Sexta-feira à noite. Eu chego a casa cansado de um dia árduo de trabalho e não tenho nada para mim, nenhum filho esperando pra falar que tirou notas boas na escola, nenhum amigo me ligando pra ir tomar cerveja, nenhuma mulher me esperando pra me satisfazer a fome e depois me satisfazer a fome, se é que você me entende. Faz dois meses que eu me divorciei, estou morando aqui nesse apartamento alugado, ainda não desfiz minhas malas porque tenho uma falsa esperança de que ela vai me ligar pedindo pra voltar comigo, as esperanças são as últimas a morrer, até mesmo as falsas. A única coisa que me restou foi uma facada que o governo apelidou de “pensão”, uma frigideira e um gato chamado Arthur. Gato este que nunca está em casa quando eu chego, anda a noite inteira pela rua atrás de gatas pra trepar nos telhados alheios... O desgraçado tem a vida que eu queria ter. Troco de roupas, coloco o micro-ondas pra esquentar um miojo e ligo a tv pra assistir o jornal, durmo antes do miojo e do jornal.

Sábado de manhã. Eu acordo cedo para fazer exatamente nada, sento à mesa da cozinha e fico olhando o celular, esperando que ele toque e seja minha mulher me pedindo pra voltar, faço isso enquanto como o miojo da noite anterior, que me esperou a noite inteira fielmente dentro do micro-ondas, diferente do gato, que essa noite decidiu trepar logo no meu telhado, e não me deixou dormir direito. Agora ele está sentado no sofá que fica na minha frente, me encarando, como se fosse me bater a carteira e correr.

Sábado de noite. Eu ainda não tomei banho e provavelmente não vou tomar, sinceramente nem me importo mais com o meu cheiro, o gato se importa, não me abraça nem me lambe, como os gatos dos filmes fazem.

Domingo de manhã. Eu acordo com o celular tocando, meio sonolento eu atendo.


- Alô?

- Helquer? É a Inês, quero conversar com você...


Eu dou um salto da cama, minha mulher me ligou, está tudo chegando ao fim, verei meus filhos novamente, sentirei o gosto da boca dela e não precisarei mais morar num lugar onde minha única companheira é uma cama de solteiro.


- Oi Inês! Sim, sim! Vamos conversar!

- Helquer, eu quero que saiba que eu realmente gosto de você...

- Sim! Sim!

- ... Não posso mais viver do jeito que estou vivendo...

- Sim! Sim!

- ... A polícia me mostrou fotos de você rondando minha casa na semana passada, Helquer.

- O que?! É mentira!

- Eu sinceramente não posso viver aqui com as crianças, não enquanto você continuar sendo essa pessoa doentia que você é. Eu preciso de paz, eu preciso recomeçar, eu preciso encontrar alguém pra me apaixonar de verdade.

- Inês!

- Adeus, Helquer. Dê um beijo no Arthur por mim.


Domingo à noite. Este barulho, grito, choro, miado, sei lá o que é este barulho. Sei que está me irritando profundamente. Eu abro a porta do micro-ondas e quebro o maxilar de Arthur.

Agora vou poder dormir em paz.


(Por: C.O.)