terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Palavra Mal-dita

Vibra na corda
Vocal
Uma palavra bamba
Boba e
torta
que entonta e
Cai, sem querer

Dá pra ouvi-la
Batendo lá
No fundo
Olvidá-la é que não dá

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Qualidade de vida

É foda quando se tenta fazer uma autobiografia e só se consegue fazer 20 páginas de pura literatura marginal, depressiva e sarcástica.




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(Por: C.O.)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um blues, buzz

Nessas noites cheias de distância
Toda estrela perdeu a importância
Nós não temos mais nenhum lugar
Nossas vidas não moram mais por lá

Tanta distância cheia de estrelas
Um blues acompanha a tristeza
Num lugar cheio de ninguém
Nossas vidas não valem um vintém

Sorte de quem tem
Sorte de quem tem
Alguém
Muito além
Sorte de quem tem
Sorte de quem tem
Alguém muito além
Do bem e do mal
Do Início e do final
Do Café e do jornal
Do caso e casual
Da casa e do casal de
Sorte, de quem tem
Essa noite cheia de distância
Do mundo sem importância
Das buzinas e ambulâncias
Dos bonzinhos, da ignorância
Sorte de quem
Sorte de quem
Tem
Uma vida afinal distante
Do bispo e do jornal
Do horário eleitoral

(Por: A.C.)

A uma cristã

Olha ela, andando de lado
Carregando culpas como um fardo,
Um fado,
De fato é foda entender.
Como é que se vive a vida sem
Prazer?

(Por: A.C.)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Nós, entre vírgulas.

Lá fora está chovendo,
chovendo muito em pingos pequenos!
E eu aqui dentro!
Do lado de dentro do quarto vazio,
da vida vazia.
Lá fora, está chovendo,
em pingos pequenos,
está muito vento e eu aqui dentro, preso, penso
em destilados e cigarros,
chuvas me lembram isso,
exceto quando são acompanhadas por alguém,
mas nesse caso, não há destilado,
há somente meio maço de "free" amaçado,
e essa falta de alguém.
Há também Miles Davis soprando um jazz,
há pessoass chamando atenção
por mensagens instantâneas,
mas não estou interessado nelas agora,
pelo menos não nas que estão chamando atenção,
nada irrita mais do que o som das pessoas chamando,
há, claro, as vezes em quem ninguém liga,
mas quando chove pouco importa se alguém liga
porque tudo fica tão lírico
e vital que até os móveis se transmutam em algo animado,
talvez fosse possível conversar com eles,
os velhos móveis,
da velha sala,
sempre tão vazia.
A vida, as vezes,
parece viver entre vírgulas.
(por: A.C.)

Aos cuidados do fabricante

Eu quero, sinto que devo querer algo, mas não sei bem o que. Talvez não tenha nome, nem forma, nem cor, nem seja velho ou novo, nem seja inédito, mas sinto que devo querer. E a menina dos olhos de cigana, diz: "Os psicólogos são ótimos, eles dizem pra você falar tudo que está entalado e continuar sempre expressando seus sentimentos.", e depois arremata: "Mas sempre achei que seus problemas todos se resolvem com sexo.", é, deve ser atraso mesmo. Uma sessão de pornoanálise com ela talvez resolvesse, e tirasse essa idéia besta de analista da minha caixa de grilos:
- Isso, chupa esse complexo, só mais um pouco e você engole a depressão.
Em breve estaria lá ejaculando todos os entupimentos do meu super ego, até alcançar a paz novamente, deveria funcionar, sempre funcionou, mas acho que dessa vez, só uma vez, vou tentar os barbitúricos, os ansiolíticos, os analgésicos.
Amanhã, será preciso voltar aos números frios e rígidos da vida como ela tem que ser, deve ser, e não como precisa ser para alguém que deseja, solenemente e simplesmente, viver.
Não há nada de errado, nada mesmo, sou eu que vim com defeito de fábrica.

(por: A.C.)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Caros Amigos

Um resto de sémen na cabeça da pica
denuncia o vício solitário, somos tão tolos,
tão otários dividindo nossas vidas
em calendários,
nossas palavras em dicionários
De quantas vidas precisamos

Para nos tornar eternos?
Um instante
Esses cadernos de nós incompletos
Sempre miseravelmente pertos
de porra nenhuma

O caminho é vário
em tons de gris
Desvairado
Eu que sempre quis
gritar
Urrar
Currar a vida
Com os meus melhores amigos
Curar a vida
Desse marasmo

Para nos tornar eternos?
Um instante
Esses cadernos de nós incompletos
Sempre miseravelmente pertos
de porra nenhuma